quarta-feira, 20 de agosto de 2014
A propósito de falta de
segurança e tendo em conta aquilo que se passa por Albuferia, nesta época do ano, de apostas, boinas, bonés e desautorização das Forças de Segurança, transcrevo a opinião de alguém que tem voto na matéria e faz parte com muito gosto das minhas relações pessoais:
1. A insegurança é um sentimento.
Sente-se, cheira-se. É necessário falar claro para as forças de segurança ao
nível político. Não como instrumento de política partidária governativa, mas a
um nível institucional suprapartidário e com sentido de Estado. As forças de
segurança estão cansadas de boas intenções, discursos elaborados, promessas e
de serem motivo para discursos e debates ocasionais que têm origem em problemas
sociais profundos ou mal resolvidos.
2. É necessário o convencimento
por parte de todos os acores sociais de que o Estado é o único e legitimo
gestor da violência. Sim, violência porquanto o Estado é o único que tem
legitimidade para utilização de meios coercivos entre os quais se incluem o uso
da força, seja para cumprir um mandato de detenção, seja para reprimir
desacatos e alterações da ordem pública e repor a paz e tranquilidade pública.
3. Ter a coragem simplificar e
estabelecer um quadro legal objetivo, sem excessos de proliferação jurídica, do
qual resulte de forma muito clara que as Forças de Segurança existem para
proteger, respeitar e ser respeitas, definindo deveres e direitos dos cidadãos
e dos elementos das Forças de Segurança.
4. Porque estamos a falar de
Direitos, Liberdades e Garantias, também devemos falar de Deveres. As Forças de
segurança têm que saber perfeitamente aquilo que devem fazer, o que podem fazer
e aquilo que não podem fazer, distinguindo claramente o cidadão pacífico do
desordeiro reincidente ou do criminoso profissional.
Mas também deverá caber aos
cidadãos em geral e ao poder politico e jurisdicional em especial, garantir o prestígio
dos Corpos de Segurança do Estado. Se assim não for correremos o risco de
assistir a uma degradação da motivação e do Moral dos elementos que compõem as
Forças de Segurança e continuaremos a assistir a operações STOP sem nexo, de
carácter terceiro-mundista, a parar veículos a olho, só porque tem que ser e
sem haver suspeitos, numa caça à multa em que o automobilista pacato é que paga
a necessidade de mostrar hierarquicamente serviço.
4. Também uma palavra para a
cadeia de comando.
Que se faça sentir a Acão de
comando Srs. Comandantes. Saiam dos gabinetes e comandem os efetivos. Conheçam
profundamente as áreas de operações nas suas jurisdições. Façam rondas e
contactem as populações para recolher opiniões e informações comparativas e
saber também se e como os seus efetivos cumprem as missões. Dêem-se a conhecer
às populações. Têm que responsabilizar os efetivos nas áreas de policiamento,
saber onde estiveram, o que fizeram, como atuam, quais os seus hábitos e as
suas preocupações. Tomem medidas para que se antecipem aos acontecimentos e por
estes não sejam surpreendidos. Têm que trabalhar muito Srs. Oficiais. Sai do pelo
mas se o fizerem e respaldarem legitimamente e com competência os vossos efetivos,
se derem a cara e o exemplo, têm agentes da Lei até ao fim do mundo e ninguém
tira bonés, boinas o que lhe quiserem chamar, nem há apostas de gozo pois sair-lhes-á
cara a brincadeira.
O respeito pelos cidadãos e
comunidades que servem, a legitimidade, a preparação adequada, o enquadramento,
a disciplina, o espírito de missão e o respeito pela Lei, dar-lhes-ão a Força
da Razão e seguramente a satisfação do dever cumprido.
Este artigo de opinião é da autoria de,
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1 comentário:
Se a memória não me falha nos meus conhecimentos de história os senhores da guerra na idade média e mais tarde na idade moderna compravam os exércitos para fazerem as suas guerras. A revolução francesa alterou este método/conceito introduzindo uma nova conceção de exército nacional de país em vez de servir os senhores e o serviço militar passou a abranger obrigatoriamente todos os cidadãos. Será que estaremos a voltar aos tempos antigos? Mudam-se os tempos mudam-se as vontades?
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