quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

BANANAS - CONTO COMPLETO

          Sabem o que são bananas? Claro que sabem o que são bananas. São aqueles frutos maravilhosos de cor amarela que se criam em cachos e se vendem nas frutarias e nos supermercados, mais propriamente na secção dos frutos tropicais, ricos em potássio, energéticos, devido à sua riqueza em nutrientes e que por isso os desportistas adicionam à sua dieta. Só têm um inconveniente. Não são produzidos no nosso país, a não ser nas ilhas adjacentes e como tal têm de ser importadas para o continente.
Sabem o que é uma guerra? Claro que sabem! A humanidade está desde sempre em guerra e ela entra-nos a todo o momento nas nossas casas por via das notícias que recebemos seja pela televisão ou pela internet ou outro meio de comunicação social. A guerra, infelizmente, parece ser o desporto favorito dos seres humanos, já que, quase todas as civilizações conhecidas foram edificadas recorrendo a esse flagelo.
Há uma guerra que marcou significativamente a humanidade, tendo em conta as consequências que ficaram para a sua história. Essa guerra foi a que começou no ano de mil novecentos e trinta e nove e terminou em mil novecentos e quarenta e cinco ficando conhecida, nos anais da história, com o nome de “Segunda Guerra Mundial”. Foram quase seis anos de destruição civilizacional e como consequência de tal flagelo o mundo dividiu-se em duas esferas de influência, a leste uma ditadura feroz e a oeste o mundo livre tal como o conhecemos e como símbolo nefasto dessa divisão foi edificado um muro que permaneceu por mais de quarenta anos que teve muitas designações desde “Muro de Berlim”, “Cortina de Ferro” e “Muro da Vergonha”. Parece que quando querem dividir-nos ideologicamente nos espetam com um muro, mas felizmente aquele de que vos falo já foi desmantelado há mais de vinte e cinco anos, mais precisamente na noite de nove de novembro de mil novecentos e oitenta e nove. Felizmente o meu país não entrou nessa guerra e a última em que esteve envolvido de uma forma direta foi para defender as possessões ultramarinas gastando os parcos recursos de que dispúnhamos vindo a terminar com uma revolução e alteração do regime que perdurava há quase quarenta e oito anos no dia vinte e cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro. Mas isso já todos sabem.
Agora devem estar a perguntar qual a relação que existe nesta minha história entre as bananas e a guerra ou as guerras de que vos falei! Pois bem é que esta história passa-se precisamente durante a “Segunda Guerra Mundial” e envolve dois irmãos. O José e o Manuel, apesar das muitas restrições ligadas ao racionamento devidas à economia da guerra, viviam pacificamente com os seus pais, embora apreensivos quanto ao futuro, os tempos da sua juventude, pois em mil novecentos e quarenta e dois a guerra estava num impasse e neste episódio, um contava com dezassete anos e o outro com dezasseis. Se o país em que viviam tivesse entrado no conflito, certamente estariam próximos do recrutamento para irem defender a pátria, tal como já o tinham feito muitos dos seus compatriotas na primeira guerra mundial, pois nessa, o seu país tinha entrado, segundo reza uma das versões da história, para defender o seu império colonial.
Tanto um como o outro dos irmãos rivalizavam nas suas atitudes, sendo o mais velho, o José, o mais ponderado, tendo o Manuel um comportamento mais afoito. Mas ambos se davam bem nas suas relações irmanadas. Ora aqui surge a ligação à história das bananas, quando, apesar da não envolvência do país na guerra, havia muitas restrições alimentares, sendo o racionamento uma prática comum, o que fazia com que, apesar de alguns mais abastados terem posses, tal de nada lhes servia, pois nem sempre o dinheiro era tudo e apesar de alguns terem dinheiro não havia bens para comprar e assim sendo, não tinham acesso aos bens de consumo, tal como hoje acontece na nossa sociedade de livre mercado em que predominam as práticas consumistas desmesuradas em vez de sermos mais consumeristas.
Foi num raro dia desse ano de mil novecentos e trinta e dois que houve um fornecimento extra de bananas num navio desembarcado e a sua mãe teve a benesse de lhe serem atribuídas duas bananas no racionamento, considerando-se tal situação uma sorte digna de um banquete real, tal era a raridade nos tempos conturbados que os dois manos estavam a viver. Quando o José e o Manuel souberam aquilo que a mãe lhes reservava, como uma bela surpresa para a sobremesa do jantar, logo começaram a assediá-la com pedidos lamurientos, próprios de meninos rabinos, mas a mãe, sem se deixar comover, logo os informou de que se tratava de um acepipe raro, pelo que, o mesmo estava reservado apenas para essa ocasião. Parecia que iria ser um dia de festa, se é que haveria algo para festejar em plena “Segunda Guerra Mundial”. Só que, os lindos meninos, já quase uns homens feitos, não se conseguiam conter nas suas lamúrias, choramingando, choramingando tanto, já que, para acrescentar um mal à situação, a ansiedade criada pelos dois, sendo tanta, estava de tal forma a alterar o seu comportamento fisiológico, que eles já não conseguiam esperar mais, para poderem saborear um tal fruto, que já não viam desde os tempos de antes do início da guerra, a tal ponto que, lhes começava a doer a barriga e a crescer de água na boca, não parando de aumentar as dores a cada minuto que passava! A continuar assim não iriam conseguir aguardar até ao jantar, pois acabariam por correr o risco de ficarem doentes! Perante uma realidade tão atroz acabaram por comover a mãe a ceder nas suas pretensões de comer as bananas mais cedo!
Mas a cedência de parte da mãe tinha um acordo, ou antes, uma condição! Era a de que para já, apenas iriam comer metade de cada uma das bananas que lhes fora atribuída e já tinham muita sorte pois nem ela nem o pai iriam comer fosse que banana fosse, pois só havia duas bananas e era uma para cada um deles. Pondo em ação as suas palavras a mãe foi buscar uma faca à gaveta e cortou ao meio cada uma das bananas, entregando seguidamente uma metade a cada um dos filhos e guardando as outras duas metades em lugar seguro, não fosse o diabo tecê-las. O José, o mais ponderado, sem protestar, apressou-se a comer a metade que lhe coube e agradeceu à mãe o facto de ter cedido às pretensões dele e do irmão de não terem de aguardar pelo jantar para poderem comer as bananas, sendo-lhes permitido pelo menos comer meia banana. Só que o Manuel, que tinha um comportamento mais afoito, começou logo a protestar, que queria a banana inteira, começando a fazer birrinhas. A mãe insistiu com o Manuel de que se deixasse de figuras tristes e procedesse educadamente como o José e comesse a metade a que tinha direito. Então o Manuel, cego pela ira, proferiu a seguinte frase: “Se não me dá a minha banana inteira então não quero!” - A mãe insistiu com o Manuel que não fosse mal-educado e ponderasse a sua atitude! Mas como ele insistia na sua postura arrogante e mal-educada perguntou-lhe intimidativamente. - “Então não queres a tua metade, é isso? Se não a queres vou dá-la ao teu irmão”. “Não, não quero”, - respondeu o Manuel com cara de birrento e de braços cruzados a um canto da sala. Perante a atitude do filho, a mãe de seguida entregou a parte do Manuel ao José que, encantado, comeu a metade da banana que o seu irmão tinha arrogantemente recusado.
Mas a história não fica por aqui pois, há noite, depois do jantar, o Manuel perguntou à mãe se podia ir buscar a banana para comer como sobremesa, ao que a mãe se prontificou a responder que não era a banana mas sim as metades das bananas da manhã ao mesmo tempo que entregava uma metade ao José e a outra metade ao Manuel. Só que o Manuel voltou à carga com os seus protestos e birras argumentando, com a arrogância que comungava, de que as metades eram dele, pois o José já tinha comido de manhã a banana dele. A mãe então pôs de imediato um ponto de ordem:
- Não! Estás muito enganado Manuel, pois tu só tens direito a uma metade, a outra é do teu irmão.
- Porquê se ele já comeu a dele de manhã? - Protestou o Manuel.
- Porque com a tua má educação recusaste a metade a que tinhas direito e apesar de eu ter insistido, tu, com as tuas birras, não a quiseste e então eu dei-a ao teu irmão. Assim sendo esta metade é a tua, aquela a que tens direito e aquela é a do teu irmão, a que ele tem direito.
Para espanto da mãe, o Manuel, voltou de novo a repetir a mesma cena da manhã, dizendo que assim não queria, pois era uma injustiça, dado que o José já tinha comido a banana dele!
- Ah não? Não queres? - Voltou a insistir a mãe.
- Não! O que eu quero é as duas metades pois o José já comeu a dele de manhã!
- Pois estás enganado! - A mãe repetiu-lhe o discurso por uma última vez. - Se quiseres come esta metade que é a tua, aquela é a do teu irmão!
Entretanto o José já tinha comido a metade que lhe pertencia de direito e aguardava sorrateiramente pelo desenrolar dos acontecimentos. O Manuel ao ver o irmão a comer a metade que achava pertencer-lhe começou então a berrar que o José lhe tinha roubado a sua banana e que assim ele não queria. Então surgiu o melhor. A Mãe advertiu-o por uma última vez:
- Se não queres a tua metade dou-a ao teu irmão!
- Não, não quero! - Respondeu o Manuel. - O que eu quero é a minha banana! Assim só metade, não quero!
- Ah! Não queres? Então José toma lá! Come a metade que o teu irmão não quer a dele! - Logo o José, sem esperar por outra oportunidade, comeu de imediato a metade da banana que lhe era oferecida pela mãe, consequência da recusa do irmão por estar a ser birrento, tal como sucedera na manhã desse dia!
Resultado final?! O José comeu duas bananas e o Manuel ficou sem comer a banana que lhe tinha sido oferecida e poder assim saborear o tão delicioso fruto, tendo de esperar até ao fim do racionamento que coincidiria com o fim da guerra, pois outra oportunidade não surgiu até lá. Moral da história? Sê ponderado e não te ponhas com birras e invejas pois a ganância pode levar-te a perder tudo o que pretendes.
Esta história é verdadeira, foi-me contada pela minha avó e confirmada pelo meu pai pois passou-se com ele e o meu tio, um dia, em Évora, em plena Segunda Guerra Mundial. Espero que lhes possa servir de lição, pois para eles foi-o para toda a vida! Nunca se esqueçam de que mais vale um pássaro na mão do que dois a voar!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

DAR VOZ A ONDJAKI

A finalizar a primeira fase da atividade “Dar Voz A Um Escritor” teve lugar no passado dia 02 de dezembro de 2014 na biblioteca da Escola Professor Abel Salazar a ação dar voz ao escritor angolano Ondjaki. O debate foi animado com os alunos do 7º-E e do 7º-F tendo como moderador o professor José António Paiva sendo assistido pela professora Alcina Sousa, a coordenadora da biblioteca escolar, e pela professora da disciplina de português Rosa Domingues, professora de ambas as turmas.

O professor José António Paiva faz uma apresentação do autor às turmas.
Exposição de um conto de Ondjaki pelo professor José António Paiva a um dos alunos presentes.
Exposição de um conto de Ondjaki por parte de um dos alunos aos seus colegas com a moderação do professor José António Paiva.
O professor José António Paiva expõe aos alunos a sua opinião sobre os contos de Ondjaki.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

ÚLTIMOS VÍDEOS DOS PINK FLOID

Para ouvir música e a canção de Louder Than Words:


Para ver e ouvir álbum completo: