quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Defecit

O deficit é uma obsessão,
Uma mais que vil opressão,
Uma grande confusão,
Que governos faz cair,
O pobre povo faz sofrer,
Os ricos, cada vez mais enriquecer!

Não há sentimentos possíveis,
Nem palavras que exprimam,
Ou que possam descrever,
O meu na pele sofrer,
Aquilo a que me obrigam,
O não poder comer!

Meus filhos amamentar,
Meus filhos a fome matar,
Meus filhos poder alimentar,
Meus filhos poder calar,
Meus filhos poder criar,
Deles homens fazer…

Porque eles que mandam,
Que para lá foram,
Porque os lá puseram,
Porque assim deixaram,
Fazem o que querem,
Sem ninguém que lhes trave com a mão!

Quero lá do deficit saber,
Dessa vil obsessão,
Dessa ignóbil opressão,
Dessa odiosa depressão,
Quando na minha mesa singela,
O que me falta é o pão?

Não existem palavras,
Pois a fome é tanta, tanta,
Que me tolda a razão,
Para que possa exprimir,
Sem saber porquê,
O que me vai no coração!

Que só me faz odiar,
Os que imoralmente mandam,
Vilmente sem nenhuma decência,
Pedir que nos sacrifiquemos,
Por essa infame obsessão,
Sem saber nem porquê ou para quê?

Para quê ter de controlar o deficit,
Que só me rouba o pão,
Que meus filhos de fome mata,
Que me pisam com a pata,
Que só me tolda o pensamento,
E o sentido da vida me faz perder?

© - 2014 – José Ferreira Bomtempo

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